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Alexa, a espiã do lar

A Alexa ficou famosa com sua presteza, em muitos lares já se faz uso das habilidades de Alexa: "liga a TV Alexa, procura esse filme, busca essa Série, liga a luz" e por aí vai...  Já existem até músicas que cantarolando dizem: "o que a Alexa mandar todo mundo vai fazer..." Mas o que poucos sabem é que essa tecnologia se tornou, em uma grande ferramenta de escuta ativa, nos lares brasileiros e pelo mundo afora. Se você não sabe do que se trata, vem comigo que te explico.

Em um evento on line no youtube, promovido pela Escola Superior do Ministério Público de São Paulo, cujo o tema era "Tecnologia no Combate ao Crime Organizado", o sócio da empresa Techbiz Rafael Velasquez, revelou as funções da Alexa que poucos sabiam: uma espiã. Essa empresa é uma das principais fornecedoras de sistemas de vigilância às polícias, ao Ministério da Justiça, ao Ministério Público e às Forças Armadas no país. Possui contratos com os governos federal e de vários Estados, para fornecer softwares forenses, que são usados em investigações criminais.

Uma das tendências mundiais é fazer investigações no que se chama de "internet das coisas", uma interconexão digital de objetos cotidianos com a internet, a conexão dos objetos mais do que das pessoas. Trata-se de uma rede de objetos físicos, capaz de reunir e de transmitir dados. Pode ser em eletrodomésticos ou em outros objetos online, e a Alexa é um deles.

Para você acionar a Alexa, e ela fazer algo, o aparelho necessariamente ouve o que se passa naquele ambiente. Portanto, o aparelho pode ser facilmente transformado em uma "solução de escuta ativa", é o que afirmam os especialistas nesse tipo de escuta. Busca-se a vulnerabilidades ou potenciais de monitoramento em dispositivos tecnológicos de uso pessoal, esse é o objetivo das tecnologias de vigilância.

Devemos ficar atentos ao ambiente em que vivemos, pois estamos cercados de focos de monitoramento e coleta de dados sem nossa permissão. Tal como, com as funcionalidades desses aparelhos, que são ativamente explorados para fins de espionagem.

A Amazon diz que a Alexa só grava quando o usuário fala a palavra de ativação. Para acionar o aparelho, é preciso falar uma palavra específica. Segundo a empresa, só depois disso, o que você disser é enviado ao servidor na nuvem da Amazon. Além disso, diz a empresa, os áudios enviados para o servidor também são analisados, se o sistema não encontrar a palavra, o fluxo de áudio de sua casa para os servidores é encerrado. Segundo a Amazon, várias camadas de proteção garantem que as conversas pessoais permaneçam privadas. Será mesmo, você acredita nisso?

Um usuário desconfiando que estava sendo espionado, usando do direito a informação, pediu à Amazon, os dados que a empresa tinha coletado. Então, se surpreendeu com mais de 3 mil clipes de áudio, que ela não tinha a menor ideia que tivessem sido gravados.

Denis Farias é Advogado, Professor e Consultor Jurídico em Proteção e Privacidade de Dados

denis@dkfariasadvogados.com